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quinta-feira, agosto 18, 2005

Recordação De Inverno


O Espaço Entre A Chuva


Hoje andei longas horas na rua enquanto chovia. Hoje andei à chuva. Por mais que tentasse, e tentei bastante, não consegui que uma só gota me tocasse. Deitei-me no chão, corri para a frente e depois apressadamente para trás. Saltei e arrastei-me pelas pedras polidas e luzidías. Mas nenhuma gota me tocou...
Cansado. Derrotado. Regressei a casa... Permaneci as restantes horas do dia sentado, com um copo meio vazio de água na mão. Depois larguei o copo e decidi que amanhã iria tentar de novo, mas com um novo método: em vez de perseguir as gotas que caiem, decidi esperar pelo grande dilúvio...pela última maré.
Todos temos de nadar um dia.



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música: Kary - Body Without Organs
pensamento: está frio hoje

Æmitis :: 22:52 ::: (0) Apêndice-[s]

Contigo #1


- “Não notas nada de diferente em mim?”
- Humm... Cortaste ligeiramente o cabelo?
- “Não.”
- Essa roupa é nova?
- “Também não.”
- Estás grávida?
- “Ei! Não! Achas mesmo?”
- Humm... pois... err... não sei... mudaste de perfume?
- “Não...”
- Então diz-me o que é. Sou péssimo neste tipo de coisas.
- “Eu não existo.”

Bolas...



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música: Wintersleep - Home
pensamento: não eram reticências

Æmitis :: 04:26 ::: (1) Apêndice-[s]

Epifania Dita Correctamente


Repara como todas as partículas colidem de forma perfeita fazendo-nos mover. Repara como o ciclo da água se repete e a maçã que mordes tem a mesma vida que nós dois, aqui e agora. Repara que a morte rodeia os feixes de luz que o teu corpo emana e que a minha pele, que é tua, reflecte-os intensamente. Se te encostares nessa cadeira o suficiente para te espreguiçares poderás ver o eixo que nos faz rodopiar. Um dia vamos acordar de vez e desapareceremos, mas jamais deixaremos de existir. Sei que este é um apontar infantil de quem descobre o mundo pela primeira vez, mas o café ainda não chegou e eu amo-te.


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música: Wintersleep - Snowstorm
pensamento: palavras guardadas

Æmitis :: 04:11 ::: (0) Apêndice-[s]

Levantar Vôo A Rastejar


Há dias de céus cheios que transbordam até ao asfalto. Pequenas nuvens rasgadas circundam-te os passos e refrescam-te as pernas, nuas. Andas no teu lado reservado, impedindo que toda a ordem natural se inverta se tal não acontecer. Olhas para o outro risco horizontal que ninguém vê - aquele pintado de imberbe azul e que se oferece nas viagens de regresso a casa e nas tardes antecipadas.
Gestos desiguais e dois ou três que me parecem humanos. A consciente decisão de sucumbir em imersão no rasto do teu perfume é-me tão insuportável quanto inevitável. Sei que irás brincar inocentemente com uma agulha no centro da minha testa, picando-me só o suficiente e nunca o bastante. Eu irei mover-me para te beijar.
Depois, quando já não estivermos sós e o teu cabelo cair por completo, o vento irá destruir-nos as asas negras. Ficaremos sem a elegância nocturna com que passeávamos pelas varandas, com que nos atirávamos de cada uma. Não teremos mais silêncios, pois nada mais haverá que o silêncio. Vais desviar o olhar e queimar papel com tinta que enegrece o fogo. Vais virar as costas, quase saradas, e eu vou dormir de barriga para baixo, quase sarado. Há dias em que o céu cai, como folhas outonais, sempre que respiramos.



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música: Mono - Error #9
pensamento: afinal não eras tu

Æmitis :: 03:58 ::: (0) Apêndice-[s]

Apontamento No Reverso


Foram só umas quantas fotografias; coisa mínima para vinte anos. Caras diferentes, mas familiares e o meu corpo mais pequeno, infinitamente mais pequeno. Conseguia ter-me na palma da mão se me permitissem. Mas enquanto organiza cronologicamente, guiado pelo entardecer da minha face, algo se organizava dentro de mim em simultâneo. Como se todos os glóbulos encontrassem finalmente a veia correcta e o órgão sedento. Não receei pensar-me, ver-me e ser-me íntimo, tão íntimo. Senti que o chão do meu quarto, o quarto da minha vida, estava finalmente seguro e sem armadilhas. E dancei. Dancei e dancei; dancei até que me chamassem para jantar em uníssono, todos aqueles que passearam pelas minhas mãos e se espalhavam pelos lençóis da cama.
Estou feliz porque fui feliz, mesmo que sejam apenas pouco mais do que umas quantas fotografias a dizer-mo. Já nem me lembrava do meu triciclo...



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música: Mono - The Kidnapper Bell
pensamento: vou desistir eventualmente

Æmitis :: 03:36 ::: (0) Apêndice-[s]

quinta-feira, agosto 04, 2005

Expirar #6


Tenho a sensação que nunca irei conseguir fazer algo verdadeiramente original, único ou inédito. É assim que contemplo o suicídio.


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música: Dredg - Jamais Vu
pensamento: talvez um fervilhar inútil

Æmitis :: 18:34 ::: (1) Apêndice-[s]

Outro Sonho De Uma Noite De Verão


Esta foi a noite onde todas as estrelas se converteram em aviões incendiados em trajectória descendente, interminavelmente descendente. Eu olhava-os com mórbido fascínio, pensando individualmente em todas as vidas que se despenhavam naquele momento e no imenso ruído que adornava a noite lá em cima.
Alguns errantes noctívagos, como eu, não partilharam o mesmo fascínio e entraram em estúpido pânico. Telefonaram para todos os números de emergência que conheciam, com todos os indicativos inúteis, e alertaram e alertaram e alertaram. Muitos rezaram ou tomaram comprimidos, o que estivesse mais à mão.
Ouviam-se sirenes por todo o lado entoando uma espécie de composição fúnebre enquanto os destroços começavam a chegar ao chão. Abri os braços para recebê-los a todos; cada parafuso desnecessário, cada fragmento da fuselagem, cada pedaço incendiado dos interiores luxuosos da primeira classe, cada fracção de roupa manchada, cada papel sem dono, cada corpo humano em queda desamparada e sem vida; abracei-os a todos.
Depois veio a histeria terrena e os especiais noticiosos. Atentado terrorista, falha técnica, falha humana, acidente, triste coincidência, perturbações climatéricas, intervenção divina, conspiração política. Muitas campas.
O céu ficou para sempre negro; todas as estrelas se cansaram de caminhar até cá e a lua desviou-se o suficiente do sol. Boa noite.



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música: Jeff Buckley - Dream Brother (live)
pensamento: algo com asas e abutres

Æmitis :: 00:24 ::: (0) Apêndice-[s]

quarta-feira, agosto 03, 2005

Ressaca


“Acordei num lugar estranho.”
Queria sentir-me assim. Queria estar num atordoado despertar com paredes dissemelhantes e outros sons, outros cheiros. Virar a almofada a encontrar outro tipo de mensagem escondida, outro código, outras palavras. Talvez, num dia qualquer, encontrar alguém ao meu lado, igualmente estranho e inerte. Dizia-me “bom dia” e partia, deixando os lençóis enrugados.
Ligo a televisão, já desligado dos pensamentos que restaram do sonho, e encontro, como sempre, o mesmo programa. Dez minutos de entrevistas mudas a sombras de cadeirões, repetidamente. Sempre, sempre, sempre o mesmo programa. É inútil mudar de canal, alterar a frequência ou contorcer a antena, nada se altera. Ajusto o brilho, o contraste e qualquer outra característica do televisor que ofereça alguma diversidade ao longo das horas.
Estou preocupado. Comecei a transportar-me para dentro do programa televisivo, mas não como um participante ou interveniente, é muito mais profundo que isso. Eu sou o programa e ele modula-se comigo. Quando estou triste, ponho o ecrã completamente negro. É diferente de desligar pois ainda resta algum brilho e consegue-se ouvir a electricidade correr pelos cabos de cobre e as outras vísceras tecnológicas do aparelho. Vejo o meu reflexo no escurecido quadrado e estou triste. Poderia fazer o inverso quando acordo bem disposto, subir toda a luminosidade e transformar o quadrado numa tela branca de luz frenética... mas isso não acontece desde que fiquei sem comprimidos.
Já tentei interpretar o programa, procurando encontrar-lhe uma qualquer mensagem subliminar, um qualquer sentido celestial, um propósito para o seu constante aparecimento. Tentei durante dias seguidos. Consultei livros sobre simbologia, arquitectura, comunicação televisiva e visual, até metafísica e sonhos, qualquer tema que me pudesse ajudar. Formulei teorias e colei-as em todas as paredes, com letras legíveis a metros de distância, para que não as esquecesse mesmo enquanto estava deitado. Mas nada me trouxe paz ou uma qualquer iluminação. Eram só sombras, cadeirões, microfones no chão e um cenário feito de cartão. Estéril. Sentia-o.
“Acordei onde adormeci.”



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música: Jeff Buckley - New Year's Prayer
pensamento: apenas para me mover de novo

Æmitis :: 22:15 ::: (1) Apêndice-[s]

 

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