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terça-feira, junho 07, 2005

A Vida É Um Animal Esquisito


Preferia não começar este texto. Sei que aquelas frases que se agarram "moluscamente" precisam de um registo qualquer que evite erosão, mas preferia verdadeiramente não ter que começar este texto. Vou puxar o fio que te pende da boca, que de certeza que tem quilómetros de comprimento, e esperar que traga atrás de si o que quero ouvir. Mas depois acabo por perder-me e vou parar a um sítio qualquer com três idosos, um posto de gasolina drenado e publicidade fora de prazo. Seja para onde for, teimo em regressar. Talvez seja um péssimo sentido de orientação ou, talvez, simples desorientação.
Peço-te que não me acompanhes no erro intelectual. Eu não tenho receio de escrever, nem tão pouco de me perder – tenho pó e calos que o comprovam – mas irrita-me terminar os textos com perguntas de sobressalto ou com sussurros inquietantes. Queria poder deitar-me, apagar a luz e adormecer. Tão simples quanto isto. Mesmo que do outro lado da cama, deitado com lascivo contentamento e um ressonar onírico, esteja o meu ornitorrinco de estimação.



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música: dredg - Tanbark
pensamento: ridícula, mas enérgica, sequência de suposições metafísicas

Æmitis :: 22:47 ::: (0) Apêndice-[s]

Perseguição Ocular


Hoje vi-me, com inesperado distanciamento, a atravessar a estação de metro. Vi-me literalmente. Como se me tivesse elevado a uma câmara de vigilância estrategicamente posicionada, centrada só em mim, com um zoom tal que me trespassava.
Tinha um andar incerto mas coerente, acompanhado pelo correcto balançar de braços: não muito intenso arriscando ser artificial ou disjunto do resto do corpo, nem restringido podendo revelar uma desconfortável existência. O olhar alternava entre o chão e as várias mulheres com que me cruzava, procurando reciprocidade e audaz repetição – com o chão claro. A música, à semelhança dos livros, sempre foi a forma ideal de evasão parcial. Preciso apenas de saber quando iniciam as escadas rolantes e onde termina a plataforma para os passageiros.
O sinal sonoro anuncia a chegada das carruagens e leva-nos a todos a amontoarmo-nos como um rebanho sedento de protecção humana. Tento evitar todos os braços estranhos e acabo por afastar-me demasiado. Perco oportunidade de entrar, como uma migalha desafortunada. Estou atrasado e fico deprimido, parcialmente desfocado.
De novo o sinal sonoro. Demasiado cedo e, portanto, inesperado. Estou feliz. Olho para o placar preto de luzes laranjas que revela a identidade da próxima composição maquinal: reservado.
Demoro algum tempo a focar o corpo e o resto, o resto dele.


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música: Envy - Color of Fetters
pensamento: risco de aproximação

Æmitis :: 22:10 ::: (0) Apêndice-[s]

sábado, junho 04, 2005

Diálise


“Estou atrasada para qualquer coisa.” e saíste do quarto enquanto calçavas os sapatos. Não poderias ter sido mais clara no que disseste. Deixei de fazer força abdominal e enterrei a cabeça no que restava da almofada, olhando para o tecto, branco. Lá fora, as sirenes acompanhavam-te no pavimento, abrindo caminho até à unidade de cuidados intensivos. O que resta do dia, de qualquer outro dia, tem um tom de registos médicos defuntos e empoeirados, sépia. Uma aguarela que aguarda adormecer.
Passo as mãos pela cara e pressiono os olhos até sentir dor. Um ritual que não dispenso e que antecede a medicação diária. Jamais a poderá preceder. Fico feliz após a primeira e a segunda e a terceira doses. Agradeço-te a atenção e o método – cada caixa para cada dia. Quando os relógios se deformam torna-se complicado contar o tempo e discernir as horas. Mas a tua saída é a minha manhã – cada caixa para cada manhã. Imagens pingadas em placas suspensas com completa ausência de arte, negras. Percepção química de te ter em cada forma, de qualquer forma.
Acidentalmente, li o teu diário – peço-te que me perdoes, sou um homem fraco mesmo com soro. Algumas linhas em branco e, um pouco acima, um fim de dia a carvão: «A causa imprecisa e o efeito indesejado – o processo de cura.»


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música: Tarentel - Two Sides Of Myself - Part One
pensamento: de calor a afrontamentos

Æmitis :: 23:59 ::: (0) Apêndice-[s]

Abandono


Não sei onde guardar o resto das mãos. Parece-me que cada gesto necessita de uma equação matemática rigorosa, de muito elevado grau. Falta-me a tranquilidade de quem caminha de mãos nos bolsos, mesmo que cheios de tralha inútil. Por vezes saio à rua despido e passo o dia de braços pendidos. É chato.
Queria ter bolsos marsupiais, junto às ancas. Para além de ter sempre sitio onde resguardar as mãos, poderia trazer outros objectos comigo: um isqueiro para os teus cigarros, as chaves da tua casa e, claro, lenços de papel. Teria comichão dentro dos bolsos e seriamos discretos e intimos. Seria o ideal para esperar em dias de chuvas tropicais encostado à paragem do autocarro. Filme a preto e branco e as minhas mãos seguras. Estas listas assemelham-se aos créditos finais.
Porque te foste embora e me deixaste no meio da passadeira?


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música: Coldplay - What If
pensamento: por precaução vou continuar vivo

Æmitis :: 01:19 ::: (1) Apêndice-[s]

 

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