<$BlogRSDUrl$> <body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5737216\x26blogName\x3dAbstranho\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dSILVER\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://aemitis.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://aemitis.blogspot.com/\x26vt\x3d-3878423041297171753', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

sábado, novembro 01, 2003

Refúgio


O papel de parede, que morre em pedaços arrancados pelas unhas do tempo e do abandono, tem um padrão negro como as manchas de humidade que pintam o tecto. Por vezes parece surgir um malmequer esbranquiçado e mal definido, outras partes há que parece emergir desfocados corpos encaixados uns nos outros. A luz branca, baça pela gordura do candeeiro que a contem, é intermitente... parece comunicar comigo numa sequência desconhecida, num código ainda por desvendar. O cadáver da borbolheta aparece e desaparece com cada golpe de claridade.
Um perfeito e cirúrgico corte abre o corpo e solta a alma. O papel, a minha arma, tem frases soltas com palavras presas em nada e a nada. É um corte de papel este que hoje flutua pela pele cansada. Não há sangue, não há sujidade para empurrar para debaixo do tapete da vergonha. Há apenas a irritação, o ardor que acorda todos os nervos.
Pego na folha. O braço treme como se estivesse a executar uma tarefa sob o chicote que o educa e comanda. Leio os riscos que tinha feito segundos atrás apenas. Não os reconheço e não os relembro. Não fui eu, o que sou agora, que os escrevi. Foi o outro. Cada traço, cada curva provocam-me uma inquietude que não quero sentir. Não quero mais sentir! Abrem-se mais linhas vermelhas e rasga-se a folha...
Cai a borboleta queimada... enquanto dança, desfaz-se em cinza e pó. Desfaz-se tão perfeitamente que se mistura com ar. Saio e fecho a porta. Ponho a chave no bolso e a máscara na face.


............::::::::::::::::::::::::::::::::::::


música: Dredg - Triangle
pensamento: "and babies are born in the same buildings where people go to pass away"

Æmitis :: 18:03 :::

 

Ambiente Recorrente

Contacto

Cruzamentos

Memória

Informações