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sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Um Silêncio Cheio De Rascunhos


Levanto-me. Ouvem-se respirações perturbadas no quarto do fundo. Caminho silenciosamente sobre o chão frio, demasiado frio. Acendo a luz pálida que, desta vez, foi demasiado tímida e desapareceu num pequeno clarão. Preciso de água. Abro o frigorífico cheio de limões carecas, contorno o pacote de leite, os vegetais e as latas e frascos de coisas esquecidas. Encontro a garrafa de água pelas arestas na embalagem e pela exclusão de partes. Está leve, demasiado leve, tão leve como o frio do chão. Num movimento contínuo, levanto-me de novo...


[..]


Pergunta-me amanhã e depois, e depois, e depois... vou dizer-te sempre algo diferente. Sou qualquer coisa entre a falta de memória e a completa ausência de passado. Ou talvez seja a anterior ausência de presente. Pergunta-me amanhã, eu respondo-te correctamente. Sim, sempre correctamente. Sempre diferente. Sempre.


[....]


Vê-me passear, arrastando os pés para ouvir algo mais que o assobio que mora na garganta. Tudo vai desaparecer. Tudo vai desaparecer. A repetição é necessária, mais do que patológica. O resto serão ataques nostálgicos de um qualquer comprimido empurrado com talheres e dedos. Digestão, tudo será digestão.

Detesto que paires. Quero agarrar-te pelas roupas e atirar-te contra o chão. Fazer-te sangrar visivelmente. Estou farto que te cortes em sítios cobertos por trapos e bugigangas e que depois, mais tarde, me venhas mostrar as crostas enterradas nas unhas, como se de uma espécie de denúncia da minha cegueira se tratasse. Encontra maneira de articulares a tua vontade, de coordenares os ossos com os músculos através reacções psicofisiológicas, e fala. Não se fazem histórias em castelos de silêncios.


[]


Reparaste no que passou por nós, mesmo por entre os nossos dedos, mal entrelaçados por sinal? Foi algo discreto, quase tão frio como o ar de Inverno que nos circunda. Não tinha dentes, nem garras, cauda ou pêlo escuro... mas assustou-me de igual forma. Não sei o que foi... e tu não viste nada, ias distraída como sempre, perdida entre os blocos de cimento e sinais luminosos que insistes desafiar.


[..]


Retiro tudo o que disse. Apago o tempo, rasgo as palavras e escondo os sons. Foi um erro, um erro, erro... uma falha neurológica. A minha mão tremeu nervosamente. Um erro. Não foi intencional. Retiro-me. Retiro tudo o que te disse e esqueço que aconteci...


[..]


Sim, acabei de recuperar de uma falha estrutural que abalou toda a plataforma existencial e a minha posição como consumidor em dezenas de estudos de mercado. Sei que poderei ter danos permanentes, encobertos, colaterais, inconscientes, recalcados, expostos, manifestos e algumas dores de cabeça. Também sei que não é seguro andar por casa descalço, sozinho, nu, aleijado, débil, cego, atordoado, relutante, impaciente, descontrolado, deprimido, perdido, confuso nem tomar banho logo após as refeições. Após todos os folhetos descritivos que surgem diariamente na caixa do correio e de todos os cursos, seminários, conferências, workshops e conversas amenas sobre como remover aquela hedionda cara entristecida, eu sei que estou bem. E não, não me apetece partilhá-lo com trinta estranhos devidamente identificados, motivados, atordoados, alfabetizados, estrategicamente sentados e que me compreenderão, se eu deixar. Portanto, e para terminar, vou dormir, descansar, evadir, romper, fugir, descontaminar, sarar e repetir, porque amanhã as lâminas estarão alinhadas e tu ainda não me ligaste.


[]


Tenho as ideias reviradas, como todo o meu cabelo. Não me irias reconhecer assim. Não me irias reconhecer hoje.
Vou voltar a encontrar-te. Uma hora marcada e um local escolhido.
Vi-te numa personagem de um filme, sempre distante, incompleta, não foste mais que um mero reflexo no cabelo negro. Mas vi-te. Não precisei de me concentrar muito mais, nem de procurar fotos perdidas em caixas de sapatos. Apareceste. Foste quase carne e quase presente.


[]


Cena final: todos adormecem, ele passeia entre os corpos caídos e depois desaparece. Todos acordam, bocejam, dizem bom dia e continuam a viver. - Filmar a casa dos pais e de outras personagens que passaram pelo filme, incluindo aquela que se julgava morta. -



[......]


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música: Wintersleep - Motion
pensamento: este não conta

Æmitis :: 03:06 :::

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