segunda-feira, março 28, 2005
Sou Um Texto Parvo
São só ideias, são simplesmente ideias. Deixa-me em paz e fecha a janela. São ideias, não vale a pena partilhá-las. A forma está errada e o assunto nem se compreende. Chamas-lhe conteúdo único e chamas-lhe arte, eu chamo-te fútil e esbofeteio-te o ego. Não é isto o que eu quero dizer-te. Isto são só pensamentos parvos, infindavelmente parvos. Repito, são parvos. Para ti há uma beleza no nada que eu não compreendo. Chamas-me parvo e esbofeteias-me a cara. A tua opinião é uma bela merda, guarda-a, ok? Espeto o lápis no ouvido, estou farto de te ouvir.
Encho mais uma caneca de café sem qualquer vestígio de água. Odeio intermediários. As linhas deformam-se e enformam-se. Vejo demónios e bestas ensanguentadas feitas em origami. Foda-se, estou a perder a noção do real. Dúvida filosófica, mastigo mais café. Acabo por chorar no teu peito, manchando-te esse amarelo nojento. Não consigo, não consigo, não consigo. Contradiz-me, porque esperas? Pronto, desculpa o insulto. Pega nestas palavras e cola-as com cuspo. Dá-te alento ver-me prostrado. Uma batalha de forças cósmicas concentradas em dois punhos e alguns dentes soltos. Dizem que somos violentos. Eu digo apaixonados. Tu dizes imaginários. Ok, tu ganhas.
São quatro da manhã e ainda não tenho sono. Estou sozinho e sinto a tua falta. Oh tu, que andas por aí atrás de candeeiros intermitentes e que não sabes bem quem eu sou, apenas me viste de relance enquanto copiavas nuvens para um guardanapo incompleto. Se te encontrar, perco-te outra vez. És a ideia, parva com certeza, de algo cuja forma será sempre incorrecta e o assunto nem se percebe bem qual é. Se isto me alimenta, porquê parar de escrever?
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música: Logh - The Passage
pensamento: não devia ter feito isto
Æmitis :: 04:11 :::
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