quinta-feira, novembro 11, 2004
A Text You Probably Never Read
Disseste-me para vir. E agora? Sei que não vim só para marcar presença, para avisar que afinal a morte ainda não foi cerebral. Se fosse, seria rápida... E agora? Afino o tom de voz e defino a cara que já não consigo dissimular. Repito, e agora? Não deixes para quando estiveres em casa ou para quando um qualquer farol te fizer o sinal de entrada, diz-me já o que queres de mim, aqui, sentado e despenteado.
Desculpa-me ser tão directo. Ou melhor, não desculpes e queima a palavra. Eu não preciso dela e tu também não. Vamos correr pelo dicionário e queimar mais umas quantas. Depois brincamos às analogias com as que sobraram e bebemos café com ***. Se tiveres que ir embora mais cedo, não faz mal. Mais ou menos dez minutos nunca fizeram diferença. Afinal, isto é um plano e todos os planos têm falhas que não podemos prever. Juntamos todos os anteriores que rasgámos e fazemos origami. Deixemos os animais para as analogias, quero contornos de pessoas que não vamos conhecer e de sítios onde não vamos estar.
E agora? Posso pegar em todas as lâminas e cortar-me perfeitamente, tão perfeitamente que nem um só risco apareça e nem uma só gota manche o chão? Deixa lá... trouxe-te desdém, não consegui resistir.
Quero ser cínico. Continuamente cínico. Depois durmo no sofá e penso que não o sou.
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música: Jeff Buckley - What Will You Say (live)
pensamento: éter
Æmitis :: 19:18 :::
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