sexta-feira, julho 09, 2004
Quebrar-me
Numa dinâmica diferente. Num ritmo acelerado. Toda a fúria emergiu. Centenas de caras reaparecem como uma lista de desaparecidos. Nenhuma familiar. Reservei-te esta raiva, espero que a recebas. Três murros na parede. Bebi o teu erro. Amargo sabor. Despertou-me. Agora todos os meus músculos concentram-se e a tensão cresce. Três murros e a pele mistura-se com o cimento. Não sou um homem violento. Mas só consigo descansar enquanto todos os copos estiverem quebrados e os dentes caídos numa poça de sangue e lágrimas. Mesmo que seja minha. Espero que seja minha. Oiço-me. O riso é demente e puro. Três murros de seco som. Já sinto alguma dor. Não o suficiente para te despir. Tossi. Saiu sangue. Conheço-me tão bem que consigo adivinhar onde realmente dói. Sou o meu pior inimigo. Sou o meu único inimigo. A passagem foi pacífica. Outro erro. Amarga visão. Confundi-me. Três murros e mais dor. Estou tonto e descontrolado. Caí de joelhos. Caiu sangue. O riso prossegue. Começo a sentir a mão direita dormente. Não quero. Não quero perder nada. Embato a mão solta contra o chão. Uma. Duas. Três. Quatro. Cinco vezes. Já me começo a sentir de novo. Tenho a pele solta. Acho que vejo um pouco de osso. Tenho o raciocínio queimado. Estranho ardor. Três murros e vejo tudo desfocado. Estou a conseguir. Esta noite estou a ser eficaz. Não fiques surpresa por me veres assim. Estou desfigurado e a sofrer. A escolha é minha. Não te atrevas a tocar-me. Não te atrevas a retirar-me este momento. Afasta essa arma. Afasta-te. Um murro. Não consigo mais... alívio...
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música: The Dillinger Escape Plan - Baby's First Coffin
pensamento: culpado
Æmitis :: 03:08 :::
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