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quarta-feira, maio 12, 2004

Indeterminado Momento


Durante dias nada aconteceu, mas agora, agora o telefone tocava.


Passaram três dias desde que, naquela noite de chuva intensa e de luzes amarelas, tinha perdido uma parte de mim. Recordo a noite, recordo a chuva, recordo a luz, recordo o vazio, mas não recordo o que foi que perdi. Terá sido uma memória? Terei perdido a memória do que perdi naquela noite de chuva e luz amarela? Não me recordo.
Entre o sono e o tédio, esforcei-me por levantar-me. Tinha sede. Andei, descalço, até à cozinha. Acendi a luz, peguei num copo e enchi-o com água da torneira. O som do jacto atordoou-me. Bebi, em quatro tragos longos. Perdi toda a força, todo o controlo sobre o meu corpo. O copo caiu e desfez-se completamente. Caí em cima dos vidros. Cortei-me nas mãos, no braço esquerdo, nos joelhos e na cara. Permaneci deitado, cortado, no frio do chão branco.
Passaram dois dias desde que o meu corpo me atraiçoou naquela noite de insónia e desconforto. As feridas já sararam e pedem constantemente para que lhes toque. Algumas ainda sangram. Os lençóis brancos têm pequenos círculos, pequenas manchas vermelhas. Culpa da impaciente pele. Porque tens tanta pressa em regenerar? Queria que permanecesses assim, rasgada e doente, durante algum tempo. Não sei quanto, alguns dias só. Queria ver-te imperfeita e insegura. Queria ver-te derrotada. Queria que duvidasses da cicatriz.


Deixei o telefone tocar... queria ter a certeza que não era engano, que o desejo de me contactar era verdadeiro. Oito toques... ainda não me levantei. Já estou certo que o deva fazer. Mas não o fiz. Cada toque parece somente o eco do anterior. Não sei se ainda toca, mas ainda o oiço.


Passaram dois dias desde que o telefone começou a tocar. Ainda o oiço. Ainda não recordo.


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música: Swarm of the Lotus - Seeing Truth
pensamento: "não há narrativa na vida, apenas histórias."

Æmitis :: 23:32 :::

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