quarta-feira, setembro 24, 2003
À Deriva
Se rasgo o olhar é porque quero. Se danço enquanto sangro é porque posso. Nunca nada tocou o ar como eu o toco. Nunca ninguém sentiu o mar como eu o sinto, aqui, neste barco de pele e luz. Se a maré não me leva ao porto dos acordados, então ficarei perdido neste sonho. A lua tornou-se uma fiél amiga. E o vento é respiração ausente, como aquele doce momento que só se sente e não se vê. Na ondulação onírica que acompanha o batimento abafado, não há som que se revele mais nítido que o sussurro do sangue que desliza em mim.
E nunca ninguém se sentiu assim.
Nem eu...
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música: Sigur Rós - Fyrsta
pensamento: se eu algum dia não acordar, será que o saberei?
Æmitis :: 01:18 :::