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sábado, agosto 30, 2003

O Homem Livre


Há um homem que que se encontra na sua meia vida. É casado, mas a relação que tem com a mulher é a mesma de um cliente e uma empregada num restaurante. À noite, na cama, dormem separados e apenas dormem. Os filhos são para ele tão familiares como o ferro de engomar ou a rugosa textura do cabo da vassoura. Com um trabalho fixo, imóvel e monótono, que lhe suga todo o sangue que ainda se insurge no seu interior. O que faz este homem continuar a respirar? Talvez a sua familia... talvez os seus planos futuros de umas férias no Algarve... talvez as sessões de S&M de Sábado à noite que frequenta religiosamente...
No mundo exterior este homem, este comum e respeitado homem de meia idade, não é mais que outro rosto cuspido pela vida, não é mais que outro nome numa qualquer boca, numa qualquer folha. Mas no interior da mansão de cabedal e correntes, este homem é VIDA. O seu corpo é o seu altar. O seu deus é a sua Dominatrix.
A ferro, a fogo, a sangue e a carne, cada noite é um abuso que se abusa e um corpo que se transforma. A cúmplicidade entre o escravo e o rosto coberto e negro do corpo feminino que domina, faz sentir aquele homem como mais que uma sombra, mais que um resto de nada. Ultimamente tem gostado particularmente de facas. A lâmina é uma lingua que o beija docemente, abrindo uma linha vermelha de prazer e êxtase.
Os dias que separam cada sessão são dias de recuperação, de crescente vontade, de espasmos que chamam pela dor. Por debaixo do fato, da camisa engomada pela esposa, os vestigios são memórias. Secretamente, sentado na sua enclausurante secretária, o homem coça as feridas até o sangue regressar. São estes os seus anti-depressivos, os seus calmantes e os seus estimulantes.
Na rua, no trabalho, em casa, o mesmo rosto de sempre, a mesma gravata cinzenta, os mesmos sapatos engraxados. O homem vai ao seu café de sempre, compra o jornal diário, conversa sobre a "bola", o tempo e o governo. Só a mancha ocasional na camisa o distingue, o demarca e o separa de todo o conjunto de ovelhas urbanas, que vive sem vida e segue sem pastor.


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música: Amber Asylum - Disembodied Healer
pensamento: "a vida é uma D.S.T."

Æmitis :: 02:17 :::

 

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